Genteeeeeem, tô mó caozeira, né? Digo que vou voltar com T-U-D-O, mas só tenho dado
F-U-R-O. Mas é que tem batido preguiça aguda de postar. As vezes me pego gastando o meu touch no 'feici' e nada de contar os babados aqui.
Então, vou fazer um resuminho básico.
No início do mês, rolou aqui na Cidade Maravilinda, a pré-estréia do documentário mais bombado do momento, que nós Azíndias e Azativistas TudoSangueNozóio não aguentávamos mais de ansiedade para assistir, O Renascimento do Parto. Tive o imenso prazer de poder assistir junto com as 'the best' do ativismo caRIOca.
Minutos antes do filme iniciar eu suava frio de tanta ansiedade e como já era de se esperar, sabia que eu ia derramar litros e litros de lágrimas. Mas olha, saí de lá DESIDRATADA.
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vou plastificar! hahaha |
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A Maricota Hart-Polvo trabalhando!!! |
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Muito bem acompanhada pelas amigas Patricia Froés,
doula que muuuuuito me ensinou e incentivou à fazer o curso
e a Mari que agora chiiiiqueza em pessoa, é a the best of the best
nos cliques de parto humanizado, pronto faley!!! |
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Debate pós filme com Eduardo Chauvet, Érika de Paula,
Fernanda Macêdo (GO) e Ricardo Chaves (Pediatra) |
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ah, não ia perder a oportunidade de tirar essa foto
hahaha |
O documentário do Eduardo Chauvet e Érika de Paula tocou tanto na ferida mal curada do meu parto e após cada recuperada de fôlego, vinha uma trilha que me derrubava novamente, como se eu estivesse levando vários 'caixotes' na praia e nada me fazia levantar. Tive momentos em que as lágrimas não paravam e apesar de está ao lado dazamigas choronas também, eu não queria passar para o resto do povo que eu estava já com as duas narinas ultra-mega-super-giga-power-blaster entupidas e JURO, mal respirava. Tem noção do mico???? O pior era tentar puxar a catarrada toda sem fazer tanto barulho hahahahahah
Infelizmente essa é a realidade obstétrica que vivemos. Onde o protagonismo do parto não é da mulher e sim do profissional, que no caso do Brasil é o Obstétra. Machismo está tão enraizado que até no momento do parto a MULHER não pode ter o direito sobre o seu próprio corpo, que é poder parir em paz. Não respeitam a fisiologia do parto e nós mulheres somos tratadas em linhas de montagem
(Chega no hospital-Sorinho-Toques-3 horinhas de espera-Dilatou pouco-Anestesia-Hum, seu bebê está em sofrimento-Cirurgia ou Chega no hospital-Sorinho-Enema-Jejum-Sozinha-Deitada-Para de grita que na hora estava gostoso-Episiotomia-Fórceps) como se todo processo fosse igual, como se cada mulher se comportasse exatamente igual. Cenas de algumas cirurgias (cesárias) me embrulhava o estômago, precisei fechar os olhos como sempre faço quando assisto algo que me dá medo. A violência como a barriga é cortada, como o bebê é arrancado, como se fosse apenas uma pedaço de carne e não um ser humano que precisa de muitos cuidados. Por essa razão eu fugi que nem o diabo foge da cruz quando engravidei. Lembro de quando era pequena ter visto o álbum do meu nascimento e nunca entendi o porque do corte na barriga da minha mãe. Meus primeiros registros eu estava de cabeça para baixo sendo segurada pelos pés. Cenas feias e completamente frias. Eu comparava a barriga aberta da minha mãe com um pedaço de mamão cortado.
Uma pena eu ter conseguido escapar das garras do obstétra-cesarista do plano e caído nas mãos violentas do obstétra- professor-cortador-de-vagina. Hoje, após ter entrado de cabeça nesse fantástico mundo da 'humanização do parto', me pego várias vezes pedindo perdão ao meu filho por não ter dado um nascimento digno à ele. De não ter conseguido ter forças para soltar minhas mãos do apoio de tanto que apertei para fazer força (quando direcionaram meus puxos erradamente) e não o segurei assim que terminarem de fazer todos aqueles procedimentos desnecessários quando nasceu e nem o mantive aquecido em meu peito. O levaram para longe de mim e assim permaneci imóvel, sem entender nada do que tinha acabado de acontecer. Não me dei conta da tortura que tinha acabado de passar. Sem entender o que era de maravilhoso no parto natural. Odiei cada segundo que passei naquele hospital que mais parecia um campo de concentração, onde fui tratada como um número e não como um ser humano cheio de saúde e prestes a passar pelo momento mais transformador da minha vida. É, tão transformador só que negativamente. Um grande trauma. Trauma esse que me devastou nos primeiros meses como mãe. Eu não tinha forçar para pedir ajuda, tudo estava tão confuso. Ainda bem que eu tive uma anja que com muito tato e carinho me ajudou a abrir os olhos e a partir daquele momento eu comecei a ter um eixo. Um salve à doula Gabriela Prado.
Saí do cinema com uma dor nos olhos, não conseguia dormir ao chegar em casa de tanto que o documentário me impactou, mesmo sabendo dos dados estatísticos. A realidade choca mas ao mesmo tempo, me senti esperançosa. E gostaria que todo MUNDO assistisse O Renascimento do Parto pois tenho certeza que vai tocar a fundo na ferida e quem sabe, a mulher seja respeitada.
Para quem não faz idéia do que eu estou falando, veja o trailer do filme abaixo.