Anjos existem, será?!

Já relatei aqui mais ou menos como foi a descoberta da minha 1ª gravidez e o meu parto. Mas e o pós parto?

Como havia dito acabei tendo o Gui no Hospital Universitário Gaffreé Guinle (por causa daquele problemão todo com o médico que me largou de mão...).

Eu fui bem tratada, não posso reclamar não, achei que seria o "Ó", mas em contrapartida não tive conforto nenhum, não me deixaram ter acompanhante, meu marido não pode assistir o parto, não tive ninguém para me ajudar com o Gui na 1ª noite ...

Foi bem difícil aguentar as contrações sozinha, foi bem difícil estando muito fraca e sem ter dormido por causa das dores cuidar dele sozinha, foi bem difícil ter visita apenas de 15h as 16h ... e foi muito difícil ver meu filhinho querendo mamar, mas meu leite não estava saindo e no hospital te colocam terror dizendo que se seu leite não sair não terá alta.

Mas e agora? Preciso ter alta, preciso ir para casa, preciso de carinho do meu marido, preciso do carinho da minha mãe, preciso tomar um banho decente, preciso descansar sem me preocupar se é seguro fechar os olhos sem que ninguém pegue meu filho, se o bebê precisar de um colinho terá alguém? ... mas o Gui precisa do pai também. E com tudo isso na cabeça e ainda juntando com o estresse do pré parto e sem sair do hospital eu não iria amamentar o Gui nunca, né? Ele nasceu com 3870g e saiu da maternidade com 3625g, até aí uma perda normal, certo? Mas ele ainda não estava mamando. Menti para poder ir para casa.

Mas eu não ia desistir. Jamais!

Quando estava grávida sonhava muito em como seria a amamentação e esses sonhos eram lindos, numa colina verde, tipo do teletubbies hahahaha brincadeirinha, uma paz enorme sempre muito feliz com o Gui no colinho, forte e saudável e li também muita coisa boa sobre os benefícios para o bebê e para a mãe e não poderia perder esse contato único com meu bebê! Amamentar é um ato de amor. Ainda mais depois do que eu passei e sofri para ter o Guilherme, essa vontade só me fortaleceu.

Mas não foi fácil.

No 3º dia de vida o Gui ainda não conseguia sugar o bico do meu seio e nada do leite sair, e no hospital ele não se adaptou ao Nan (ainda bem), mas ele ia tomar o que? E pra me deixar mais triste ele cuspia o Nan todo e pensava que ele estava morrendo de fome, e fazia massagens nos dois seios e nada e chorava, chorava e pra piorar o Gui urinava muito pouquinho e quase não saía as fezes.

O que fazer com ele? Minha mãe que é fonoaudióloga ficava massageando meus seios, estimulava a mandíbula e a sucção do Gui para que ele sugasse os meus seios e nada.

Meu marido já desesperado comprou outro tipo de leite e nada do Gui mamar. E isso me magoou profundamente pois me senti tão mas tão pressionada a amamentar e eu estava falhando, sabe ... e para completar ele estava perdendo mais peso. Ó céus!!!

Foi então que apareceu a Gabi, ela é a esposa do primo do meu marido (entenderam? hahahaha) que é psicóloga e DOULA (acompanha gestantes e dá todo um suporte para esses primeiros contatos mamãe e bebê)!!! Ligamos para ela bem tarde da noite e desesperados pedimos sua ajuda e minutos depois ela chegou com o marido trazendo uns livros, pomada para os seios, bombinha, dicas, seu conhecimento na área, sua experiência como mãe da Malu, sua boa vontade e seu carinho.

Eu estava me sentindo muito incapaz, e isso estava acabando comigo, pois eu me senti forte que nem um touro depois de ter conseguido parir, achava que depois do que eu enfrentei ninguém ia me segurar, mas o fato do meu leite não sair me arreou. Mas a Gabi não me deixou desistir. Ela me deu coragem de novo. Insistir em deixar o Gui no seio mesmo que ele não quisesse. A achar a melhor posição para dar de mamar. E ela massageava meus seios e a lágrima escorrendo e ela a todo momento pedia para ter calma, que eu ia conseguir, que o Gui precisava da mamãe dele e que ele não ia morrer de fome. Foi então que ela ofereceu dar mamar para ele e na mesma hora eu abri um mega sorriso de felicidade e disse que claaaaaaaaro que sim!!!! Gente, meu filho mamou que nem um bezerrinho esfomeado, foi lindo!!! Ele dormiria alimentado. Fiquei muito feliz.

Mas a Gabi tinha que ir embora buscar a Malu na casa da madrinha e agora? Eu não poderia adotar a Gabi por uma semana?, pensei! Não! E ela foi mas na manhã seguinte estava aqui em casa toda animada e naquela expectativa de que hoje o leite sai...

E não é que saiu um pouquinho!!! Mas o Gui ainda não estava sugando e ele ainda estava impaciente. E lembrei de ter lido que era muito importante conversar com o feto ainda na barriga e eu batia altos papos com o Gui dentro de mim, e na rua como eu gostava de andar para cima e para baixo eu batia altos papos com ele, uma maluca, né, várias gargalhadas, parecia que eu sentia ele respondendo sabe hahahaah e isso me fez conversar com ele durante as ENE tentativas dele pegar o seio. E desabafava muito com ele, sei lá, parecia que eu estava num divã. E na hora você começa a lembrar de relatos tristes sobre amamentação de que o bebê não se adaptou ao seio da mãe, ah que a mãe não tinha leite, mas na boa, o bebê só não irá se adaptar se a mãe não estiver determinada a amamentar. E eu estava a todo custo. E o Gui ia mais cedo ou mais tarde mamar! Precisei ter paciência e deixar o amor pelo meu filho falar mais alto.

E no 5º dia ele mamou, mas mamou tanto e nossa, foi muito lindo. Realmente é uma sensação magnífica. E ele para completar sempre segura o meu seio e vira o rostinho para cima, me olha e dá um sorrisinho gostoso.

Foram CINCO DIAS DE TERROR!!!

Com uma semaninha ele teve a 1ª consulta a pediatra e quando foi pesado ele estava com 3430g, ou seja, em pouco tempo perdeu mais peso, mas a doutora pediu para que eu não ficasse nervosa pois ele já estava mamando e muito por sinal e que era para eu voltar uma semana depois para pesá-lo.

Voltamos e acreditem, ele estava pesando 4750g! Nem acreditei, fiquei muito feliz, me senti capaz de novo! E a partir desse dia ele foi ganhando peso e mamando muito!!

E na última consulta com 2 meses de vida ele estava pesando 6220g!!! Um bebezão!!! Meu gorduchinho!!!!

Sinto-me muito feliz pois não desisti e não me deixei levar pelo estresse todo que passei, tive força e garra para amamentar meu filho e isso era muito importante para mim. Acho que ficaria muito frustada se não tivesse dado certo.

Agradeço de coração à Gabi por sua paciência, dedicação e por ter acreditado em mim (ela nasceu para ajudar); à minha mãe e meu pai por sempre estarem ao meu lado em todos os momentos da minha vida; ao meu marido por ser meu companheiro e me dar sempre seu amor quando eu mais preciso; à Fabiana minha cumadre que ofereceu amamentar o Gui enquanto o seu filho e meu afilhado ficaria sugando meu seio, à Nanda e à Barbara que me contaram suas experiências inicias com o Gabriel e Artur respectivamente e ao Gui né, que sentiu que a mamãe dele precisava amamentá-lo e foi um verdadeiro amigão.

"Rapadura é doce mas não é mole não"
"Quer moleza? Senta num pudim"

... é a vida, é bonita e é bonita ...

Um beijão!!!